O português é uma maravilha, falo da língua, a falada, a outra também não é má, eu gosto muito estufada com ervilhas…
Mas voltemos ao português, a língua claro, a falada, isso…
Ontem a meio da manhã decidi ir ter com um grupo de amigos e colegas que estavam desde muito cedo nos chamados cacos do Areínho de Oliveira do Douro.
Conheço bem o local, faz parte dos “mapas” da minha juventude.
Os meus amigos tinham chegado lá pelas 6 horas da manhã, e pela cara deles vi logo que estavam (como se diz agora?) super cansados de tanto peixe apanhar…
O Vítor até parecia que já tinha estado a beber, o Jorge via-se que estava derreado, os outros, cada um para seu lado, já não dedicavam grande atenção às canas. Só podia significar cestos cheios, muito peixe.
Decidi alegrar um pouco o pessoal, e atirei com um “fónix, que cheiro a peixe”…
Se não fujo depressa bem me “fonixava”, parecia que estava na Faixa de Gaza, choveu calhau por tudo quanto lado.
E não parava…
“Fónix, ó pessoal, se não param com essa m…., ponho-me no caraças, e não pago cerveja a ninguém…
Estava assinado e respeitado o cessar-fogo, cerveja fresca é a palavra-chave.
Lá me aproximei do local, nem me atrevi a perguntar quantos já tinham pescado, vi logo que tinha sido um fiasco, e o problema era ter sido eu a dizer-lhes que ali dava muito robalo com a maré a vazar…
Dei uma volta pelos cestos e estavam quase todos vazios, uma enguia num, um *tareco noutro, e muitas latas de cerveja vazias.
Tinha de rapidamente dar a volta àquele antro de má disposição…
“Quando muda a maré?”, perguntei eu…
Até se ouvia o silencio…
Havia que ser mais radical, aquilo ia descambar, poderia acabar com alguém dentro de água, e provavelmente seria eu o “nadador” forçado.
Terapia de choque, só assim resolvia a questão…
Fui-me abeirando do caminho, e já a una 10 metros da “gangada” perguntei “alguém quer alguma coisa do café?”…
Silêncio outra vez…
Huuummmm, estava feio o assunto…
“Só queria saber quem foi o panel…. que vos disse que aqui havia peixe”, gritei eu mas já de costas porque um calhau anda muito mais depressa que eu a correr.
Insultaram-me do piorio nomes que só tinha visto escritos pelo maluco do sebástico…, o tal que queria dar aulas…
Retirei-me até ao restaurante, pelo caminho encontrei uns velhotes que no meu tempo de meninice pescavam por ali a bordo dos seus caícos, e atravessavam as pessoas de um lado para o outro do rio.
Já no restaurante perguntei se arranjavam almoço para sete, porque o restaurante tem nome disso, mas já não o é há muito tempo, mas se encomendarmos arranja-se sempre qualquer coisa para dar ao bigode.
Bacalhau frito (da barbatana) de cebolada com batatas fritas às rodelas grossas e arroz de carqueja com miúdos de frango muitos picles, azeitonas, uma salada mista, boroa de Avintes e vinhaça, muita vinhaça para alegrar os corações do “people”.
Da marina nova onde agora acostam os barcos chamei “pessoal, dentro de meia hora o tacho está na mesa”, qual meia hora qual quê? Foi de seguida, puxa a linha, encarta a cana, arruma o banco, saco às costas, e lá vêm eles todos.
A modos que por prevenção, fui-me pondo de lado não fosse haver alguma reacção de proximidade.
Silêncio sepulcral, só se ouvia o ruído do caminhar, dos chinelos de meter o dedo em cima da gravilha, das botas, dos ténis, e dos “penantes” do Jorge que estava descalço.
Canas, cestos, bancos, cadeiras, coletes, chapéus, tudo a monte num canto da sala do restaurante…
Chegara a hora dos aperitivos, Martinis para uns, Favaios para outros, uns simples, outros com cerveja, e logo a seguir o almoço.
Xiiiiiiiiiii…
Que bagunçada…
Eu já tinha sido posto de fora da discussão, assim tipo… esta gajo nem lhe passamos cartão, fazemos de conta que não existe…, e era assim mesmo que eu me sentia.
A culpa de a pesca não estar a resultar foi partilhada entre eles, “porque o Jorge é que tinha razão, se fossemos pra S. Jacinto dava peixe”, “em Vila do Conde é que tem saído peixe à brava”, dizia outro…
Passaram a refeição toda a discutir, e eu “A Leste do Paraíso”.
Cafés, bagaços, e outros digestivos…
Para acabar o almoço, faltava a “dolorosa”…
“Como é? À moedinha ou à sueca?”, perguntou o “Bitinho”…
“Eu não jogo, pago a minha parte”, disse eu…
“O QUÊ?”, responderam eles em uníssono, “vê lá se não te F..(lixas) e pagas tu tudo”…
“Prontos”, estava convocado…
Moeda ao ar, e…
Caras, sueca, íamos ter torneio para o resto do dia, e se calhar da noite, porque depois há as desforras, as desforras das desforras, sei muito bem as bestas que aparelho.
Joga-se 10 riscos com cada parceiro e depois troca-se, é o sistema “Cristo”, joga-se até se encontrar o maior perdedor, neste caso seriam 2 para não ficar muito custoso. Eram já quase 6 da tarde quando me safei, mas já estava com uma ramada…
É que alem da aposta do almoço, cada 5 riscos valia uma minnie, era só gargalos no chão, quase não se via a tijoleira.
Saí do restaurante para apanhar um bocado de ar, e fui deitar-me na relva que fica entre o campo de milho e o caminho, adormeci quase de imediato.
Passado algum tempo acordei com o barulho da trupe a chegar, o relvado ficou parecia uma camarata, e visto ao nível do chão, era uma camarata de barrigudos, ahahah…
Divaguei pela pesca, mas a questão do português prende-se com o que aconteceu a seguir.
Estávamos todos a passar pelas brasas quando ouvimos uma voz de mulher, nova, que falava com alguém…
“Está quieto Luisinho, sai de cima de mim Luisinho, porta-te bem Luisinho”…
Passado um bocado, “dá cá um beijinho Luisinho, gostas de mim Luisinho”…
Estávamos todos em pulgas, uns queriam espreitar, outros não, isto é, querer todos queria de certeza, mas uns conseguiam aguentar a vontade, outros não…
Já nem estávamos deitados, estávamos todos de joelhos com os olhos encostados às canas de milho.
Mas uma frase da miúda fez cair as boas maneiras a todos os presentes, do lado de cá do milho”, disse ela em tom zangado “Luisinho, tira a mão do tufo”, foi como se tive tivéssemos molas “tóing”, espreitou tudo ao mesmo tempo, e…
Ora bolas…
O tal tufo não era o… tufinho, era mesmo um tufo de erva com terra agarrada, a que nós damos o nome de torrão, e que ainda hoje atirámos uns aos outros na brincadeira, e a senhora falava para o filho, o Luisinho.
A guerra de torrões, nunca mais me esqueço do Gerardo com a carola partida porque o Bino amandou-lhe com um torrão e um calhau junto, foi para acertar as contas, eles tinham andado à porrada na escola.
Pois é assim, há nomes que chamam a atenção.
Se dissessem tufinho ao JMS ele era capaz de pensão que era um Katrininha, sei lá…
Boa semana, para quem de direito, claro.
domingo, 23 de setembro de 2007
COPINHO DE LEITE NÃO LÊ
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