NAVEGAR A CRISE

Quem tenha assistido ao debate de ontem à tarde na Assembleia da Republica conclui que José Sócrates está na crista da onda, está melhor que nunca.

Fiquei com a ideia que aquela crise que chega a levar ao suicídio de alguns nos vai passar ao lado, ajustam-se procedimentos, não se dá a volta dos tristes ao Domingo, não se vai ao cinema, não há prendas para ninguém no natal e está estabilizado o orçamento da casa.

“Só perde quem tem”, é verdade, quem não tem nada está-se marimbando para as a bolsas, as boas ou más acções, se desviam, se roubam, querem lá saber, a preocupação centraliza-se no prato de comida, se não faltar, o mundo chega assim.

Eu assisti ao debate ontem, e que vi?

Mais Sócrates e uma oposição rendida, um primeiro-ministro confiante, alegre até, um “PPD-PSD” de cócoras, a suplicar ao PM que não abandone o barco, a prometer-lhe todo o apoio, “vamos ficar atentos” dizia Paulo Rangel, que palhacito me saiu o Paulinho. Se os laranjinhas tivessem de agarrar agora o “bicho” éramos bem capazes de voltar a falar espanhol.

A direita, mais à direita do “PS”, está um farrapo, os barões bem colocados, o “CDS-PP” a desaparecer, a Manuela a tomar conta da casota até à resolução, ou fim da crise.

Prevejo uma subida significativa dos partidos mais à esquerda, e do “PS”, não me admiro se Sócrates voltar a ganhar com maioria absoluta, mais reforçada até, julgo mesmo que a tendência é para acabarem as manifestações contra o governo, ao contrário do habitual.