quarta-feira, 19 de dezembro de 2012

O TERRIVEL MUNDO DOS PESADELOS.

São 2 horas e 22 minutos da madrugada, há momentos desci as escadas de minha casa para ver como estava o meu pai, dormia profundamente.
Dias há que ao deitar pressinto que a noite não vai ser agradável, por ter comido ou bebido demais, porque dói qualquer coisa, ou (como hoje) por pura intuição.
Ainda não estava bem a dormir (julgo eu) e pareceu-me ouvir o meu pai, depois (já a sonhar) ouvi-o mesmo junto à porta do meu quarto, “huuummm?”, é o ruido que ele emite (agora) com frequência por tudo e por nada, mesmo quando está só, abri a porta do meu aposento e lá estava ele sentado numa cadeira mesmo encostado à porta.
Não sei se logo de imediato, comecei a ouvir musica, levantei-me porque o som entrava pela janela que estava aberta, que afinal era uma varanda, e do chão à grade da sacada havia (esticadas) umas enormes calças de homem que eu fui retirar para poder fechar a porta, pus a cabeça de fora e vi que estava num terceiro andar duma casa na marginal de Gaia, que na rua não havia luz, sobre o Rio Douro pairava um denso nevoeiro, e o barulho deixara de ser musica, era agora um relato de basquete da NBA, o som (muito alto) vinha do lado direito, do fundo da rua General Torres próximo da entrada do tabuleiro inferior da Ponte D. Luiz.
Ao puxar as calças para dentro sentia que elas me puxavam para fora, que se não as largasse cairia à rua.
Ouvi um estrondo no quarto do meu pai, desci as escadas a correr e já no último degrau vi que a porta do quarto estava aberta, havia uma cortina de tecido fino (inexistente na realidade) que desfocava a luz do candeeiro do teto, dava no entanto para vislumbrar dois bancos corridos (tipo das igrejas, mas sem encosto), entrei e vi, do lado esquerdo um amontado de móveis que não conhecia, e do lado direito (completamente nu) o meu pai (de pé) estava contra alguém que estava entre ele e a parede, alguém que dava para ver (pelo cabelo) que era mulher, mas que tinha a cara encostada ao ombro dele e não dava para ver quem era, empurrei a cabeça dela para ver, era minha mãe, tinha a cara cheia de cicatrizes, acordei.
Acordei cheio de frio, ansioso, e com dores no corpo que parece que levei uma tareia.
Vou tomar um chazinho de cidreira e comer umas bolachinhas, pode ser que ajude a passar (melhor) o resto da noite.

3 comentários:

G@rfield disse...

Caro Des, criar uma história como fez apenas em 28 linhas, é de louvar, tudo foi muito bem construído, e o as suas insónias estão de parabéns. Espero que de futuro nos brinde com outros textos, pois gostei do que li, e da forma como foi escrito.
Festas Felizes, e conte sempre comigo para vir bisbilhotar o seo blogue.

Des Contente disse...

Caro "G@rfield", a história foi na verdade a transcrição de um pesadelo que me atormentou aquela noite, foi fruto do facto de minha mãe ter falecido muito recentemente.

Boas Festas

Abraço

Des Contente.

G@rfield disse...

Caro Des, situações dessas e relatadas da forma como o fez, tem um cunho de realidade, são fenómenos que são dificeis de contar, até porque estamos num estado de sono profundo, e como o fez pensei que seria uma narração.
Quero manifestar os meus pesames pela Senhora sua Mãe, já não estar entre nós, mas poderá até ser um sinal de que não está tão longe ainda, e que pode ainda influenciar um filho que tanto gostou.
Abraço um Bom Natal