Por razões profissionais tive por diversas vezes de passar longos meses fora de Portugal, quem já passou pela mesma situação, não obrigatoriamente a trabalhar, sabe que se é obrigado a pensar na língua do país onde estamos de momento se nos queremos desenrascar.
Claro que é muito mais fácil a quem à partida já dominar o idioma que depois tem de utilizar, se tiver de aprender, só depois de se exprimir minimamente na fala dos naturais se passa a pensar no mesmo dialecto que eles.
A mim também me chegou a acontecer, misturar francês com português, poucas vezes, até porque os períodos no estrangeiro nunca ultrapassaram os oito meses seguidos, mas aconteceu.
Por isso não estranho nada o estrangeirado que usam alguns dos nossos emigrantes, nem mesmo o exibicionismo de grandes carrões, a casa exageradamente grande e estilizada, os copos pagos à população toda da aldeia, a “guerra” entre eles (emigrantes) porque querem ter a maior comparticipação para as festas da santinha lá da terra, é que na missa antes da procissão o padre, ou o mordomo principal, “ratos”, fazem questão de ler com quanto entrou cada um.
Parece que estou a ouvir o falecido padre Manuel de uma pequena aldeia do Douro Sul…
“Da França… Da Alemanha… Da Suíça…Do Brasil…”, e depois vinham os ilustres da terra que mesmo morando na cidade eram, e ainda são, os ilustres ou não, desde que naturais da tal povoação, eram visitados por mordomos que no ano anterior foram nomeados para as principais cidades.
Todos os nomes citados têm direito a uma salva de palmas, que vai diminuindo conforme os montantes.
Já no desaparecido “Desabafe Connosco” cheguei a afirmar o que vou repetir agora…
Os Portugueses que emigravam a salto ou com a famosa carta de chamada, eram frequentemente explorados por outros portugueses já residentes lá, em França, por exemplo, os engajadores viviam do suor dos desgraçados que iam daqui com os olhos tapados.
No Canadá também, segundo Manuel Luciano da Silva (médico)
“Engajadores de Emigrantes no Canadá
A parte ainda mais triste do drama dos infelizes portugueses que foram expulsos agora do Canadá, é que muitos deles foram burlados pelos chamados engajadores de emigrantes, prometendo-lhes falsos documentos para poderem ficar legais no Canadá.
Estes engajadores, também de origem portuguesa, exploraram os seus compatriotas em muitos milhares de dólares canadianos, com a promessa de contractos de trabalho legais, e NADA! “
Existem depois os degenerados, os que nunca deviam ter tido a honra de nascer em Portugal.
Os que lá fora se fazem passar por naturais quando se apercebem que quem está a seu lado é Português.
Também passei por essa experiência, que se tornou caricata, eu conto…, mais uma vez.
França, ano de 1973, morava em Mantes la Jolie e trabalhava como representante de uma empresa portuguesa na Garonor, Aulnay-sous-Bois, arredores de Paris.
Julgo não ser diferente da maioria dos Portugas, ao fim de uma semana de França, à noite, já procurava no rádio emissoras portuguesas e deslocava-me às várias associações de emigrantes muitas vezes para comprar cigarros portugueses, beber uma cerveja portuguesa (que eram muito mais baratos que em Portugal, eram livres de impostos), petiscar, jogar uma bilharada, enfim, conviver.
Costumava também “perder-me” à noite pelo Quartier Latin, bebia por lá umas vejecas à “gola”, conhecia malta da minha idade que por lá trabalhava em bares e boites, essas noites de perdição acabavam só às 9 da manhã no escritório, o trabalho também não matava, só apertava um bocado à 5ª. e 6ªs. Feiras.
Em Paris já eu estava aclimatado, mas monsieur Foss decidiu transferir-me para Bordeaux para um escritório que tinham aberto há poucas semana, estava feito, não conhecia lá ninguém, mas que remédio, lá fui.
Chegado à gare de Bordéus, esperava-me uma Renault 4L da empresa que me transportou à minha nova casa.
Andamos, andamos, passamos por Libourne, e paramos em Montagne em frente a um casarão imenso, o meu “chauffeur” saiu, tirou os meus sacos do banco de trás e disse-me, “amanhã já ficas num hotel em Bordéus, mas hoje ficas aqui”, e fiquei.
O tal casarão imenso era um “châteaux”, assim designado porque o proprietário era produtor de vinhos, um dos sócios das famosas caves de St. Emilion (onde por distração apanhei a maior “farda” da minha vida).
Ao outro dia, Bordéus, escritório, ao fim da tarde hotel, e ali fiquei eu abandonado como um cão, momentaneamente, claro. Eu não me tinha esquecido que anos antes, de férias, tinha conhecido e feito amizade com o pessoal de um restaurante dos Routiers no quartier du Bacalan, pés ao caminho e…
Festa até às tantas…
Já sei, não vou contar a minha vida toda, desculpem lá…
Vou então directo à tal situação que aflorei lá muito para trás, a tal caricata.
Domingo de manhã, bebia eu o meu café numa esplanada e apercebi-me que a meu lado uma criança falava em Português para os pais, naturalmente disse-lhes que também era português e eles viraram-me as costas a falar “françuguês”, encolhi os ombros, não liguei, quem não gostou nada da brincadeira foi outro que eu julgava francês, sentado noutra mesa, que em voz alta disse “não ligues, filhos da **** como estes há por cá muitos”.
Há muitos pela França e pelos vistos por todos os sítios onde hajam emigrantes Portugueses, é como tudo, há-os bons e maus, mas em estupidez, raiva, ódio, mesquinhez e sai lá que mais de mau, poucos batem os que regularmente por aqui (blogs do “JN”) aparecem.
Para eles, os tais, vai a minha gargalhada de desprezo, ahahahahahahahah, “mamamia”!!!
Claro que é muito mais fácil a quem à partida já dominar o idioma que depois tem de utilizar, se tiver de aprender, só depois de se exprimir minimamente na fala dos naturais se passa a pensar no mesmo dialecto que eles.
A mim também me chegou a acontecer, misturar francês com português, poucas vezes, até porque os períodos no estrangeiro nunca ultrapassaram os oito meses seguidos, mas aconteceu.
Por isso não estranho nada o estrangeirado que usam alguns dos nossos emigrantes, nem mesmo o exibicionismo de grandes carrões, a casa exageradamente grande e estilizada, os copos pagos à população toda da aldeia, a “guerra” entre eles (emigrantes) porque querem ter a maior comparticipação para as festas da santinha lá da terra, é que na missa antes da procissão o padre, ou o mordomo principal, “ratos”, fazem questão de ler com quanto entrou cada um.
Parece que estou a ouvir o falecido padre Manuel de uma pequena aldeia do Douro Sul…
“Da França… Da Alemanha… Da Suíça…Do Brasil…”, e depois vinham os ilustres da terra que mesmo morando na cidade eram, e ainda são, os ilustres ou não, desde que naturais da tal povoação, eram visitados por mordomos que no ano anterior foram nomeados para as principais cidades.
Todos os nomes citados têm direito a uma salva de palmas, que vai diminuindo conforme os montantes.
Já no desaparecido “Desabafe Connosco” cheguei a afirmar o que vou repetir agora…
Os Portugueses que emigravam a salto ou com a famosa carta de chamada, eram frequentemente explorados por outros portugueses já residentes lá, em França, por exemplo, os engajadores viviam do suor dos desgraçados que iam daqui com os olhos tapados.
No Canadá também, segundo Manuel Luciano da Silva (médico)
“Engajadores de Emigrantes no Canadá
A parte ainda mais triste do drama dos infelizes portugueses que foram expulsos agora do Canadá, é que muitos deles foram burlados pelos chamados engajadores de emigrantes, prometendo-lhes falsos documentos para poderem ficar legais no Canadá.
Estes engajadores, também de origem portuguesa, exploraram os seus compatriotas em muitos milhares de dólares canadianos, com a promessa de contractos de trabalho legais, e NADA! “
Existem depois os degenerados, os que nunca deviam ter tido a honra de nascer em Portugal.
Os que lá fora se fazem passar por naturais quando se apercebem que quem está a seu lado é Português.
Também passei por essa experiência, que se tornou caricata, eu conto…, mais uma vez.
França, ano de 1973, morava em Mantes la Jolie e trabalhava como representante de uma empresa portuguesa na Garonor, Aulnay-sous-Bois, arredores de Paris.
Julgo não ser diferente da maioria dos Portugas, ao fim de uma semana de França, à noite, já procurava no rádio emissoras portuguesas e deslocava-me às várias associações de emigrantes muitas vezes para comprar cigarros portugueses, beber uma cerveja portuguesa (que eram muito mais baratos que em Portugal, eram livres de impostos), petiscar, jogar uma bilharada, enfim, conviver.
Costumava também “perder-me” à noite pelo Quartier Latin, bebia por lá umas vejecas à “gola”, conhecia malta da minha idade que por lá trabalhava em bares e boites, essas noites de perdição acabavam só às 9 da manhã no escritório, o trabalho também não matava, só apertava um bocado à 5ª. e 6ªs. Feiras.
Em Paris já eu estava aclimatado, mas monsieur Foss decidiu transferir-me para Bordeaux para um escritório que tinham aberto há poucas semana, estava feito, não conhecia lá ninguém, mas que remédio, lá fui.
Chegado à gare de Bordéus, esperava-me uma Renault 4L da empresa que me transportou à minha nova casa.
Andamos, andamos, passamos por Libourne, e paramos em Montagne em frente a um casarão imenso, o meu “chauffeur” saiu, tirou os meus sacos do banco de trás e disse-me, “amanhã já ficas num hotel em Bordéus, mas hoje ficas aqui”, e fiquei.
O tal casarão imenso era um “châteaux”, assim designado porque o proprietário era produtor de vinhos, um dos sócios das famosas caves de St. Emilion (onde por distração apanhei a maior “farda” da minha vida).
Ao outro dia, Bordéus, escritório, ao fim da tarde hotel, e ali fiquei eu abandonado como um cão, momentaneamente, claro. Eu não me tinha esquecido que anos antes, de férias, tinha conhecido e feito amizade com o pessoal de um restaurante dos Routiers no quartier du Bacalan, pés ao caminho e…
Festa até às tantas…
Já sei, não vou contar a minha vida toda, desculpem lá…
Vou então directo à tal situação que aflorei lá muito para trás, a tal caricata.
Domingo de manhã, bebia eu o meu café numa esplanada e apercebi-me que a meu lado uma criança falava em Português para os pais, naturalmente disse-lhes que também era português e eles viraram-me as costas a falar “françuguês”, encolhi os ombros, não liguei, quem não gostou nada da brincadeira foi outro que eu julgava francês, sentado noutra mesa, que em voz alta disse “não ligues, filhos da **** como estes há por cá muitos”.
Há muitos pela França e pelos vistos por todos os sítios onde hajam emigrantes Portugueses, é como tudo, há-os bons e maus, mas em estupidez, raiva, ódio, mesquinhez e sai lá que mais de mau, poucos batem os que regularmente por aqui (blogs do “JN”) aparecem.
Para eles, os tais, vai a minha gargalhada de desprezo, ahahahahahahahah, “mamamia”!!!
Zé Porto
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