segunda-feira, 1 de agosto de 2011

Nós (portugueses) somos mesmo pobres

Mafiosos presos deixam de poder usar Armani

Numa medida corajosa e ao arrepio das tradições, a governadora da prisão de Palermo decidiu que todos os presos são iguais no que toca à roupa.

Assim vestem os grandes. No passado mês de Abril, 'Vinni Gorgeous' dava o exemplo em Brooklyn
Assim vestem os grandes. No passado mês de Abril, 'Vinni Gorgeous' dava o exemplo em Brooklyn
É mais um ataque aos Direitos Humanos em território europeu. Na prisão de Ucciardone, em Palermo, vai deixar de ser permitido usar roupas Armani, Gucci, Versace, etc. A decisão é da recém-nomeada governadora da prisão, Rita Barbera.
"Esta prisão tem andado associada a imagens de padrinhos vestidos com roupas de seda, e isto é algo que precisamos de apagar", diz a governadora. "Temos de eliminar disparidades entre prisioneiros que têm sido expressas por meio de exibições de estatuto, poder e supremacia económica".
A decisão está longe de ser pacífica. Qualquer chefe mafioso que se preze tem de parecer o que é. Na prisão de Ucciardone, a maior da capital siciliana, há muito que a tradição é liberal, nesta matéria como noutras. Não por acaso, chamam-lhe Grande Hotel. Festas espampanantes com iguarias à discrição fazem parte da sua lenda.
Para algumas pessoas, em especial mulheres de mafiosos, o problema é mais simples. "O meu marido vai ter de andar nu, pois só tem roupas de marca", explica uma delas. "Não para se exibir, mas porque são de melhor qualidade e duram mais. Será preciso humilhá-lo assim e obrigar-me a ir comprar roupa em mercados de rua?".

Usar falsificações para manter a imagem


As prisões italianas, ao contrário das de outros países, não impõem o uso de uniforme. Mas presume-se uma certa dose de bom-senso. Ao contrário do que sugerem esposas, a nova regra não determina que a roupa a usar pelos prisioneiros tenha de ser comprada na rua. Diz apenas que deve ser discreta.
"Na prisão, as mais pequenas coisas podem fazer diferença. Imagine-se a que faz ver presos a usar roupa de marca", explica Barbera. "Há mesmo quem use falsificações para manter a imagem".
É uma questão ao mesmo tempo de segurança e de justiça. "A prisão é um lugar de castigo, e todos os presos têm o mesmo estatuto. Portanto, qualquer símbolo de luxo, seja roupa ou joias ou gadgets, tem de desaparecer".
Os presos poderão receber até 20 quilos de roupa, mas nada de grandes marcas. Para um italiano, e ainda mais para um mafioso siciliano, é uma verdadeira ofensa. "Porque hão-de as autoridades ditar o que o meu marido veste?", indigna-se uma mulher.

Um problema maior 


Embora a situação dos chefes mafiosos presos tenha captado as atenções, muito mais grave, segundo organizações humanitárias, é a dos imigrantes e outros pobres que se encontram em Ucciardone e noutras cadeias. Segundo parece, alguns nem sapatos têm.
Não se sabe quantos deles foram convidados para a festa de aniversário que o famoso Michele Catalano, antigo braço-direito do igualmente famoso Salvatore Piccolo e ele próprio um chefe importante da Camorra, deu há anos no ginásio de Ucciardone. A ementa incluía champanhe e lagosta. 

Fonte: "EXPRESSO"

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