sábado, 1 de dezembro de 2007

FALAR É FÁCIL

Comentando: Desta vez o Porto vai ficar mais seguro... - António Torre da Guia - 01-12-2007
(DESABAFE CONNOSCO DO JN)
Facílimo falar, criticar, sem estar minimamente informado, ou seja, sem nenhum conhecimento de causa. Compreendo o mal-estar do senhor António, todos recordamos que o senhor um certo dia foi violentamente atacado debaixo de um viaduto na cidade do Porto. Porém não me recordo ter lido qual o móbil do ataque que o senhor sofreu, sinceramente não recordo se o senhor chegou a referir se foi assaltado ou só agredido. Parece que de facto foi agredido, digo-o porque o senhor denunciou tal agressão, e depois alguém, não recordo quem, disse que o senhor teve de se socorrer de um colar cervical como ajuda a uma mais rápida recuperação. Como o senhor António, e todos os que conhecem o local onde o senhor diz que tudo aconteceu sabem, a parte inferior do viaduto de Gonçalo Cristóvão é mal frequentada até durante o dia, de noite é o que todos nós também sabemos, se calhar muito pior que a mal afamada Rua Escura, até porque muito menos policiada, e frequentada por prostitutas, prostitutos e travestis que se dedicam ao mesmo “métier” Quando o senhor aqui mesmo nos deu conhecimento do que lhe aconteceu naquela (para si) desafortunada noite, cheguei a considerá-lo um incauto transeunte. Quando passados dias soube que o senhor até habita próximo e é profundo conhecedor da zona, outras coisas e hipóteses se passearam pela minha mente, mas acabei deduzindo que foi por isso mesmo, por conhecer muito bem o local, o senhor António facilitou. Eu fui praticamente nascido na Freguesia da Sé, também na cidade do Porto, até aos meus 35/40 anos subia e descia calçadas, ruas, escadas, becos, sem qualquer receio, e cheguei a ter alguns “encontros imediatos” que imediatamente sanei, hoje já não me aventuro sozinho por certos locais, em grupo, vá que não vá, e evito mesmo frequentar zonas que eu sei perigosas e mal policiadas. Convirá o senhor António da impossibilidade das forças de segurança terem um efectivo para cada cidadão, também concordará comigo (tenho a certeza) que no tempo da “outra senhora” a repressão constante se reflectia num maior receio por parte dos facínoras, mas, e aqui já não sei se concordará comigo, a democracia, a liberdade é sempre sinónimo de aumento da criminalidade. Não dizem que a os Estados Unidos da América são a maior democracia do mundo? Não é também um país muito violento? Voltemos então ao caso do assassinato do tal segurança de quinta para sexta em Miragaia. O senhor não sabe, nem leu, e se calhar não vai chegar a ler, mas eu digo-lhe… O jovem de cor assassinado, há alguns meses andou nas páginas dos jornais, porque denunciou agressões por parte da PSP, referiu mesmo ter sido detido e selvaticamente agredido numa esquadra, que enquanto detido, a mesma força policial lhe teria introduzido uma arma no seu carro e que em posterior revista à viatura a terão encontrado, estranhamente não foram encontradas impressões digitais. Logo que liberto dirigiu-se ao instituto de medicina legal, fez exames médicos, e apresentou queixa contra vários elementos da PSP, nomeando-os a todos. O processo continua em fase de investigação, mas o queixoso já está morto. Coincidência, ou não, um dos elementos da polícia contra quem ele (o assassinado) mais se insurgia, é natural da Freguesia de Miragaia. “Eles querem tomar conta do negócio, e não querem concorrência, sobretudo de pretos”, disse-me a mim e aos jornais, o jovem que alguém assassinou com tiros saídos de um carro em andamento e que estranhamente não beliscou quem o tinha convidado para conversar e que estava muito próximo dele quando tudo aconteceu. Porque sei alguma coisa deste caso, não faço a análise fácil que faz o senhor António, ou seja, creio que o senhor incorreu no mesmo erro que qualquer um que tivesse a ousadia de afirmar que o senhor quando foi agredido estava no local por este ou aquele motivo. Mesmo para terminar, o jovem assassinado disse-me que se os comandos da policia fizessem análises aos jovens efectivos com aspecto de ninjas, ficariam de boca aberta com a percentagem de esteróides anabolizantes que encontrariam, e que com a medicação que tais polícias fazem para “botar corpo” o seu estado é de permanente stress, depressão, ou apatia total. Este caso, quanto a mim, vem reforçar as declarações do secretário geral da administração interna, o comando geral da GNR já pediu o seu afastamento, mas eu diria como o outro, deixem-no trabalhar. Boa noite.

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