domingo, 4 de novembro de 2007

O MEU CANTO


Virá já o Duarte Marques Pinto dizer que é sintoma de que não estou bom da cabeça como ele vem afirmando há muito, mas eu quero que ele apanhe, e muito, onde apanham as galinhas.Bom, o que eu queria dizer, é que julgo ser normal gostar-se mais disto do que daquilo, mais de estar aqui do que acolá, mais desta do que daquela, e por aí adiante...Eu nasci e fui criado na cidade do Porto, muito cedo, aos cinco anos de idade, fui morar para a freguesia da Sé, ali junto à Ponte de D. Luis, e da janela do meu quarto, onde durante anos passei muitas horas, via o mundo...O Rio Douro ainda cheio de vida, com navios a entrar, descarregar, carregar e sair, o comboio (a vapor) a passar nas Devesas, o carro eléctrico (com e sem atrelado) a passar na ponte com destino a Santo Ovidio, ou Coimbrões, mais tarde os troleicarros, os barcos das lavradeiras a chegarem carregados de hortaliça, etc.Até aos meus dez anitos fui praticamente um prisioneiro, saia à rua para ir à escola, e o resto do tempo, enquanto os pais trabalhavam, ficava "detido" em casa, mas da janela do meu quarto eu via o mundo, e como era bonito.A partir daí, feita a comunhão solene, começaram a dar-me mais trela, e fui ficando mais tempo na rua com o resto da canalha, já dava umas escapadelas ao Terreiro da Sé para "dois toques" na bola, e pouco mais tarde, para dar umas passas num "Português Suave", "20-20-20", "Definitivos", mata ratos, o que aparecesse.A maior liberdade, era também sinónimo de mais tempo por minha conta, de gestão própria, e foi a partir aí dos meus quinze anos que encontrei o meu canto, o local onde eu me sentava e passava horas a pensar em tudo e em nada.Foi também o local ideal para estar com os primeiros namoricos...Julgo que todos têm um, o meu fica na confluência das Escadas da Senhora das Verdades com a Rua de D. Hugo, e ainda ontem lá passei, está tudo muito limpo, "graçá deus, né?", ahahahah
Boa semana.

Zé Porto

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