segunda-feira, 21 de janeiro de 2008

DE INICIO FOI MUITO SÉRIO E ACABOU DA MURRINHANHA

Afazeres profissionais levaram-me ontem a Viana do Castelo, no regresso tive de passar por Braga para me encontrar com dois colegas que tinham ido a Chaves, também em serviço, e vão ficar hoje pelo Porto, regressando hoje Terça a Lisboa. Ontem já eu tinha pedido à D. Eduarda do café que me arranjasse umas caras de bacalhau e umas pencas da terra para jantar com estes colegas e amigos. Como o dia se foi atrasando, eu fui informando a senhora do café desse mesmo atraso e pelas 18 estabelecemos que se jantaria por volta das 22. O outlete de Modivas era onde eu deveria encontrar-me com mais três colegas do sul por volta das 19 horas, telefonei-lhes e constatei que também eles estavam atrasados, marcou-se então encontro para a Praia de Vila Chã, de Modivas para lá não faltam placas, ponto de encontro final, café da D. Eduarda. Vinha eu já na Maia, quando toca o meu telemóvel, o número era o da D. Eduarda, atendi… Do outro lado escutava-se “tou, tou”, muito alto, e muito ruído de fundo, vozes a discutir aos berros, sobressaía a voz de mestre Joaquim que tem um vozeirão, mas ouviam-se muitos palavrões, e foi necessário gritar eu também… Ó D. Eduarda, D. Eduarda, mande calar aí o pessoal senão nem a senhora me ouve nem eu a entendo… Com um ríspido e sonoro “calai-vos caral..”, a D. Eduarda calou toda a gente, e falando comigo com voz de quem estava extremamente nervosa (nervosa é o estado normal dela), “ó senhor José, apanhamos os filhos da p…, andavam a rondar a sua porta, já estão aqui amarfanhados, já chamei a guarda”. Fiquei em pânico, só podiam ser os meus colegas… Pedi à D. Eduarda para não lhes tocarem, desliguei, acelerei, e liguei para o Jorge Rocha, um dos tais que ficara de ir ter à Praia de Vila Chã. Lá estava a confusão, mal atendeu, que barulheira, pedi-lhe que mantivesse a calma que estava a chegar, e cheguei passados 6 ou 7 minutos… Mal entrei no café, mestre Joaquim virou-se para mim e gritou “são aqueles?”, ao que respondi afirmativamente, agarrou-se logo às golas do Guimarães e ia já de cabeça feita para uma cabeçada, meti o braço a meio e consegui impedir que o meu colega fosse parar ao hospital. Ó mestre, são estes que vêm jantar comigo. Também tive de entrar na berraria, e depois de uns calma, caral…, fónix, tudo em altos berros, as coisas acalmaram e pude dizer que tanto os que eles tinham agarrado à minha porta como os que tinham acabado de chegar comigo, eram os colegas que ficaram de lá jantar, jantar que estava encomendado. Virei-me para a D. Eduarda e em tom mais ou menos duro perguntei-lhe se não tinha desconfiado que seriam os meus colegas, para que lhe perguntei eu, levei logo um insulto, mandou-me para esta banda e aquela, e disse com uma certa razão que ficáramos de ir lá jantar, não a minha casa, e como sabiam que andavam a ameaçar-me, julgaram tratar-se de alguém para me fazer mal. Prontos, lá foram mais uns “aéreos” para vinho, cafés, bagaços, e tudo acabou com uma jantarada animada. Já bem bebido, o mestre Carlos só dizia “ó senhor José, se vossemecê não chega tão lesto aquele ali” apontando para o Rocha “já estava com o destino traçado, ia enfardar e depois… banho”. Já tínhamos acabado de jantar, estava tudo na conversa, aos berros como sempre, a D. Eduarda e perguntar-me “môr, queres gelado, queijo com marmelada, que queres?”, quando da porta da entrada se ouviam sirenes… Fez-se silêncio, alguém disse “é fogo ou foi grande acidente”, e ao fundo da praceta quase a despistar-se com os semáforos ligados e o tinóni em altos berros aparece um jipe da GNR, e mais outro, e um carro de comando… Já ninguém se lembrava deles, tinham sido chamados pelas 18 horas era quase meia-noite. “Aqui é que chamaram a guarda?” perguntou o ordenança, “foi, mas já foi há 15 dias” respondeu mestre Joaquim, conclusão, o teatro ia recomeçar. Expliquei tudo ao sargento, mandaram-se vir mais uns copos, e tudo acabou em bem. Era já uma hora da manha quando as tropas (GNR) retiraram, o último deles a sair foi o sargento que virando-se para a D. Eduarda disse “toca a fechar que já passa da meia-noite”, de imediato “vá mandar em sua casa, vá pró caral..." respondeu-lhe a D. Eduarda. São neste momento 3:15, cheguei a casa há um quarto de hora, já está o pessoal todo a descansar, 2 tiveram de ficar numa das casas da senhora do café, e eu vou também ver se durmo. Desta vez foi falso alarme, pode ser que da próxima seja o mau e mais os capangas, ahahah, estou morto por ver a coragem deles. Bom dia, boa semana, para alguns, claro.
(aviso, o café da foto não é em Vila Chã)

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